Vitória na Baviera: uma notícia assim-assim para Angela Merkel

A CSU (União Social Cristã), partido afiliado da CDU de Merkel, ganhou no domingo as eleições regionais na Baviera com quase 50% dos votos, mas nem tudo são boas notícias para a chanceler. O FDP, partido minoritário da coligação no poder, perdeu quase 5% dos seus eleitores, ficando neste estado apenas com 3% dos votos – um sinal preocupante para a direita alemã, uma semana antes das eleições legislativas.

O apoio à CSU na Baviera aumentou cerca de 4% desde as eleições de 2008, reforçando a influência dos conservadores no poder. Apesar de este resultado não surpreender – a CSU lidera a Baviera há 56 anos ininterruptamente -, é uma vitória importante para fortalecer a liderança de Angela Merkel na recta final da corrida legislativa, apesar de as duas eleições não estarem de forma nenhuma relacionadas. Os estados da Alemanha têm bastante autonomia e marcam as suas eleições independentemente do calendário federal.

No entanto, esta conquista é significativa, já que a Baviera é um dos principais estados da Alemanha, com mais de 12 milhões de habitantes e um PIB de 465 mil milhões de euros. Este Land alberga empresas tão importantes como a BMW, a AUDI e a Siemens, contribuindo largamente para o panorama industrial do país. Horst Seehofer, primeiro- -ministro da Baviera pela CSU, afirmou que “em cada dois bávaros, um votou na CSU”, assegurando que este resultado “é um enorme voto de confiança”.

Por ser um estado onde a direita é tradicionalmente bem-sucedida, o mau resultado do FDP surpreendeu. “É uma derrota pesada, mas a nossa resposta é: vamos continuar. A Baviera é um estado com as suas especificidades. Daqui para a frente, interessa-nos toda a Alemanha”, disse o ministro da Economia e líder do FDP Philipp Roesler.

Vitória Agridoce A chanceler tem investido nas últimas semanas em várias acções de campanha pela Baviera, espalhando a mensagem de que o voto na CSU nestas eleições regionais lhe daria ímpeto para as eleições legislativas, alargando as hipóteses para um terceiro mandato à frente do país. Mas esta é uma vitória agridoce para a chanceler.

Para além da confirmação da tendência de perda do eleitorado do seu parceiro de coligação – o FDP perdeu todos os lugares que detinha no executivo do estado e a CSU passará a governar sozinha -, o SPD subiu cerca de 2% nestas eleições bávaras (ver gráfico ao lado, que compara as votações em 2008 e 2013), reforçando cada vez mais a ideia de uma grande coligação entre a CDU e o SPD a nível nacional.

Também as relações entre Merkel e Horst Seehofer já estiveram melhores. Numa altura em que a CSU tem insistido para uma lei mais abrangente no que diz respeito aos benefícios para as mães que ficam em casa (contra a vontade da CDU) no Bundestag, o primeiro-ministro da Baviera prometeu, durante a campanha, que passaria a taxar os carros estrangeiros que circulassem nas auto–estradas da Baviera. A chanceler já desmentiu esta alteração, por considerar que é um comportamento inadequado perante os seus parceiros europeus.

No entanto, torna-se difícil dizer que não a um líder tão reforçado, especialmente quando governa uma parte substancial do país. No que diz respeito ao pagamento de taxas por carros estrangeiros, Merkel já disse que procuraria um compromisso, mostrando a crescente influência da CSU na liderança da chanceler.

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