Setenta anos após sua publicação, obra perde direitos autorais na …

RIO de Janeiro. Durante 70 anos, o governo do Estado alemão da Baviera manteve lacrada nos seus cofres a sua herança maldita: os direitos autorais de “Mein Kampf” (“Minha Luta”), o livro de Adolf Hitler. Agora, com a liberação dos direitos autorais, sete décadas depois da morte do autor, o livro poderá ser publicado e vendido na Alemanha pela primeira vez desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Mas, embora já com status de best-seller, a obra continua controvertida e motivo de um amplo debate nacional.

A primeira nova edição da obra de Hitler, uma versão crítica, comentada, com dois volumes e 2.000 páginas, será vendida nas livrarias a partir do próximo dia 8.

A obra foi liberada pela lei dos direitos autorais, mas os Estados alemães não desistiram de proibi-la como instrumento de propagação do ódio racial, conforme decisão tomada pelos secretários de Justiça de todos os Estados. O objetivo é tolerar as publicações científicas, mas deixar um instrumento de controle para evitar que o best-seller de Hitler seja usado de novo para propagar o racismo.

Para os especialistas, a discussão sobre o livro segundo os critérios da informação ou da pesquisa, como a edição crítica do Instituto de História Contemporânea de Munique, que foi até, no início do trabalho, financiada pelo governo da Baviera, deverá ocupar por muito tempo os tribunais alemães com uma avalanche de processos.

Segundo um porta-voz da secretaria de Fazenda da Baviera, que administra a herança de Hitler, será permitida apenas a circulação de edições que mostrem o texto no seu contexto histórico, como a edição crítica, um trabalho de seis anos de uma equipe de historiadores do Instituto de Munique.

Mas o historiador Götz Aly descarta a possibilidade de o governo da Baviera continuar impedindo novas publicações, como fez nos últimos 70 anos. Autor do livro “Hitlers Volksstaat” (“O Estado Popular de Hitler”), Aly lembra que “Mein Kampf” é um documento histórico e é importante até como leitura escolar, porque é essencial para a compreensão sobre como foi possível Hitler chegar ao poder em janeiro de 1933.

Rafael Seligmann, autor do livro “Die Deutschen und ihr Führer” (“Os Alemães e Seu Führer”), defende a liberdade total de publicação, mesmo de edições que não acompanhem o texto com tentativas de comprovação de que as declarações panfletárias do futuro ditador eram pura mentira motivada pelo ódio racial.

“O livro é realmente nojento, mas assim mesmo é muito importante para conhecer Hitler, como ele foi e de onde vieram as suas ideias”, diz ele.

Se a avaliação parte dos sobreviventes do Holocausto e de seus descendentes, as reações são contrárias. “O livro é ainda hoje uma afronta para os judeus”, diz Charlotte Knobloch, sobrevivente do conflito e ex-presidente do Conselho Judaico Alemão.

História. Com a plataforma do “Mein Kampf”, Adolf Hitler acelerou a sua carreira de forma vertiginosa. Menos de oito anos depois de deixar a prisão, ele chegou ao poder, em Berlim, por meio de uma eleição democrática. Só depois de assumir o governo, ele foi cortando, um depois do outro, todos os direitos democráticos.

 

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