O portão do campo de concentração de Dachau, a norte de Munique, com a célebre inscrição “Arbeit macht frei” (O trabalho liberta), foi roubado este fim de semana. As autoridades bávaras acreditam que o crime, que terá ocorrido na madrugada de sábado para domingo, foi cuidadosamente planeado.
Foi o segurança privado que fazia a ronda de vigilância do local que deu conta do sucedido. Crê-se que estejam envolvidos pelo menos dois adultos, que transportaram o portão de cerca de dois metros de altura e 100 quilos até à saída do campo.
Gabriele Hammermann, diretora do Memorial do campo de Dachau, revela-se chocada com o roubo. “Este é o símbolo mais importante do campo de concentração”. Segundo Hammermann, a proteção de locais como Dachau exige a garantia de segurança, sem, contudo, fazer com que estes símbolos do estado totalitário se transformem em alvos dos “instrumentos modernos de vigilância”.
“Como é havemos de protegê-los sem interferir na estrutura autêntica? Tudo isso tem de ser pesado”, refere a diretora, citada pelo “The New York Times”.
Dachau foi o primeiro dos campos de concentração criados pelos nazis. Foi montado pouco tempo depois de Hitler chegar ao poder, em 1933, com o objetivo de aprisionar presos políticos. Por ali terão passado cerca de 200 mil pessoas durante 12 anos e cerca de 41 mil terão morrido. Em maio de 1945, o campo foi libertado pelas tropas americanas, dias antes do fim da II Guerra Mundial na Europa.
É, atualmente, o mais visitado na Alemanha, com cerca de 800 mil visitantes por ano, entre crianças vindas das escolas do país e estrangeiros, sobretudo americanos, australianos e italianos.
Ludwig Spaenle, ministro da Cultura da Baviera, em visita ao local depois do assalto, afirmou que os ladrões desferiram “um golpe na zona mais profunda do Memorial”. E Ludwig Unger, o seu porta-voz, acrescentou: “Para qualquer um que tenha analisado a história do Terceiro Reich, isto é um choque. Foi precisamente o conceito ‘Arbeit Macht Frei’ que escondeu o facto de que eram aqui mortas e exploradas pessoas”.
Em dezembro de 2009, um roubo de características semelhantes ocorreu em Auschwitz, na Polónia. O sinal, que estivera às portas do campo desde o início da década de 1940, foi recuperado dias depois. Um sueco neonazi e dois polacos foram presos depois de provada a sua participação no roubo.