Em setembro de 2015, o Governo de Angela Merkel aprovou várias medidas para dar resposta ao fluxo acelerado de refugiados que tentam chegar a terras germânicas. A chanceler tem sido contestada por assumir uma política pró-refugiados, algo que acarreta vários elogios pelo mundo fora, mas também forte contestação interna, quer a nível partidário (União Democrata-Cristã é o partido de Merkel), quer a nível nacional. Os alemães sentem que estão a ser prejudicados ao acolher um número cada vez maior de refugiados em comparação com os restantes países da União Europeia. As medidas de apoio aos refugiados fizeram baixar a popularidade da chanceler ao nível mais baixo de sempre (63% de aprovação), bem como aumentar a onda crescente de contestação ao modo como tem conduzido esta temática.
O ano mudou, mas a vida continuou complicada para Angela Merkel. Peter Dreir e um conjunto de autarcas do Estado alemão da Baviera enviaram autocarros até Berlim cheios de refugiados, fazendo analogia à expressão popular de “passar a batata quente” ao Governo de Merkel. Vários aspetos indicam que o político bávaro – líder do distrito de Landshut – estará a agir a propósito de uma ameaça feita a Merkel no passado ano, numa chamada telefónica. O jornal alemão “Die Welt” veio ainda citar Dreier a ameaçar a chanceler: “Se a Alemanha receber 1 milhão de refugiados, isso significa que 1800 virão para o meu distrito. Esse número, aceito; os restantes irei enviar para o seu gabinete”.
Peter Dreier terá feito as contas e decidiu então cumprir a promessa feita a Merkel, mesmo tendo consciência de que a chanceler não estaria presente no seu gabinete para receber as dezenas de refugiados. Angela Merkel, através de outro jornal alemão, o “The Local“, terá respondido na mesma moeda ao político de Landshut: “Se me enviar refugiados, terei que encaminhá-los de volta para a Grécia mas eles eventualmente regressarão, pelos seus próprios meios, para si”.
Quanto aos refugiados, de acordo com a imprensa alemã, terão concordado em participar na realização da promessa de Peter Dreier. A contestação cresce, a divisão partidária, política e nacional também, e o número de refugiados continua a crescer.