Negociações sobre o clima em Bonn continuam estagnadas

“Dois passos pra frente, um passo pra trás, é quase um tango”: este é o resumo feito por um delegado sobre o estado das negociações sobre o clima em Bonn, travadas na preparação de um acordo que, até agora, está ilegível.

Nem o voluntarismo mostrado na segunda-feira pelos países do G7 reunidos na Baviera, a poucas centenas de quilômetros de distância, ou os resultados encorajadores de um estudo sobre as emissões de gases de efeito estufa (GEE) provenientes da China, serão o suficiente para criar um avanço das negociações em curso desde 1 de junho.

Tanto é assim que as próprias delegações soaram o alarme. Porque uma vez que a sessão de Bonn seja encerrada, na próxima quinta-feira, restarão apenas dez dias de conversações formais antes da conferência de Paris, em dezembro – cujo objetivo é chegar a um acordo global contra o aquecimento global.

“É urgente fazer progressos mais substanciais e avançar em um ritmo mais rápido”, declarou segunda-feira durante a reunião Nozipho Mxakato-Diseko, representante do Grupo dos 77 (países em desenvolvimento + China).

“Se não fizermos em breve um texto mais condensado, vai ser muito difícil garantir o sucesso em Paris”, alertou o maldivo Amjad Abdulla, da Aliança dos Pequenos Estados Insulares, fazendo coro a outras delegações para que os presidentes dos debates apresentem uma proposta de texto preparada.

Para o peruano Gabriel Quijandría, vice-presidente do Fundo Verde para o Clima, os estados devem ainda dar um mandato aos presidentes para continuar a trabalhar no projeto neste verão: “O que será necessário é buscar um compromisso antes de sair (de Bonn) para dar-lhes um mandato”, disse à AFP.

Depois de passar três vezes um pente fino no texto, os negociadores têm apenas ligeiramente reduzido o bloco de 80 páginas (130 em francês), eliminando algumas repetições mas sem abordar o mérito.

Na última sessão de negociações em Genebra, em fevereiro, foi decidido incluir propostas apresentadas por todos os Estados-Membros, de modo a restaurar a confiança dos países em desenvolvimento, por vezes fracassadas no passado.

Pois o futuro acordo esperado em Paris, primeiro acordo climático universal, será adotada por consenso: ele vai se reunir todo mundo, disse um delegado europeu.

– Negociar uma vírgula –

“O modo de formulação do acordo de Paris é muito lento. Mas isso não diminui o valor do processo internacional sobre o clima”, ressaltou David Waskow, do instituto de pesquisas World Resources Institute.

Mas aprimorar um texto de 196 páginas é complicado. Divididos em grupos, os delegados examinam cada parágrafo, são muitas vezes relutantes em ver suas formulações desaparecer em favor de formulações vizinhas – é o que conta uma testemunha das reuniões, fechadas para a imprensa.

“As sessões são um pouco surrealistas quando os ouvimos negociar sobre uma vírgula, um ponto vírgula, que não têm a mesma significação”, observa Romain Benicchio, da Oxfam, ONG com status de observador. “O problema não é o método, mas o mandato político: será que os negociadores aqui têm mandato suficiente para avançar?”

O objetivo desta sessão é apresentar um texto legível para os governos, que deverão entrar gradualmente para a arena de negociações que começam no verão, especialmente durante as reuniões ministeriais em Paris em julho.

De hoje até a Conferência de Paris, o canteiro é enorme, com muitas questões pendentes: o financiamento das políticas climáticas, a forma jurídica do contrato ou os procedimentos de compromissos nacionais de redução de emissões de controle de efeito de estufa, fonte de aquecimento.

As declarações do G7 feitas na segunda-feira em favor de um acordo global para reduzir as emissões de gases com efeito estufa não são acompanhadas de medidas nacionais concretas, segundo as ONGs da Rede de Ação Climática. Além do mistério sobre a posição da China, que ainda não publicou seus compromissos.

Nesta terça-feira, um estudo científico sobre o derretimento do permafrost (ndlr: vastas extensões de terra sob camadas de gelo, ou nos polos) foi apresentado à margem da reunião. Um lembrete sobre a urgência de agir: o descongelamento de gelo em terra firme liberaria até 1,5 bilhão de toneladas de CO2.

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