Na Avenida XV de Novembro acontece um animado e concorrido …

Na Avenida XV de Novembro acontece um animado e concorrido desfile de carros alegóricos, com bandas, retretas e grupos folclóricos (Foto: Divulgação)

Não se engane com a loirinha de olhos azuis enfiada num traje típico da Baviera. Ela é mais uma das tantas Fridas capazes de entornar um metro de chope em até 12 segundos. Estamos na Oktoberfest e desperdiçar boa cerveja por aqui infringe todos os manuais alemães de boa convivência.

O concurso Chope em Metro, disputado todos os dias no palco principal do Parque Vila Germânica, é aquela exceção que sempre confirma a regra: um dos poucos momentos em que a cerveja é servida sem álcool. No mais, elas estão por toda a parte.

Em Blumenau (SC), a colonização germânica se encarregou de fazer surgir uma série de cervejarias artesanais e o mês de outubro as reúne na que é considerada a maior festa alemã fora da Alemanha. Este ano, a 31ª edição da Oktoberfest acontece entre os dias 8 e 26, 19 noites de festa.

As Fridas são as mulheres vestidas com traje típico alemão. Os homens são invariavelmente chamados de Fritz. Vestem bermuda, suspensórios, chapéu, meias até os joelhos, camisa de tecido e um colete. E, claro, carregam uma caneca de alumínio pendurada pelo pescoço para onde quer que vão. Não sem motivo: quase 13 milhões de litros de chope já foram consumidos desde que a festa foi criada em 1984.

São cinco as cervejarias na celebração. A Brahma é a patrocinadora oficial, mas as vedetes são mesmo as artesenais Einsenbahn, Wunder Bier, Das Bier e Bierland, todas fabricadas na região. Só a primeira, a mais conhecida e saborosa, apresenta 15 variações diferentes (fora as sazonais), da Pilsen à Strong Golden Ale – de coloração avermelhada, aroma frutado, long neck de casco turvo e 8,5% de álcool, o dobro das cervejas comuns. Quem vai a Blumenau precisa visitar a fábrica/bar da Eisenbahn. Programa obrigatório.

Se você é desses sujeitos sempre dispostos a degustar outro bom chope, não deixe de experimentar o Schornstein, produzido em Pomerode, considerada a cidade mais alemã do Brasil e que fica a poucos minutos de carro. O chope e a cerveja podem ser encontrados em Blumenau, mas a visita à cervejaria, e à cidade vizinha, valem um rápido deslocamento. Um turno basta, a não ser, é claro, que você se empolgue com a bebida e com os petiscos deliciosos – o pão feito com os restos do chope, queijo fundido e linguiça Blumenau é de comer rezando. Peça o chope pilsen não filtrado.

Os mais interessados podem ainda percorrer o que os catarinenses chamam de Roteiro da Cerveja do Vale Europeu, com passagem por cidades como Blumenau, Pomerode, Gaspar, Brusque e Timbó. Nesse caso, além das cervejarias já citadas, é possível conhecer outras artesanais, como a Container, Holzweg, Borck, Zehn, Heimat e Oktobier. Vale investigar. 

 

A ordem é beber, comer e ouvir muita música alemã. São aproximadamente 220 horas de som na festa (Foto: Marcelo Martins/Divulgação)

TRADIÇÃO – Em Blumenau, um turista desavisado corre o risco de ser abordado na rua por um desconhecido com um copo de chope grátis. Aconteceu comigo: a moto adaptada com um barril no fundo parou, o condutor bombeou o líquido num copo plástico e estendeu na minha direção. Não se assuste, faz parte da promoção da festa (e das cervejarias). “A Oktoberfest incentiva o consumo de cervejas artesanais, como também o consumo de cervejas especiais, fortalecendo a produção local. A própria Brahma traz para a festa uma média de dez produtos especiais”, explica Ricardo Stodieck, secretário de turismo e presidente do Parque Vila Germânica.

Só não se engane com a ideia de que a Oktoberfest é o ‘evento dos bebuns’. Tem o jeitão bem familiar de uma cidade de 334 mil habitantes, a terceira maior de Santa Catarina, onde a bebida não é tratada como um jeito refrescante de encher a cara – envolve cultura, folclore, tradição. Desde a abertura das festividades, as quartas (às 19h30) e sábados (a partir das 16h) reservam um animado e concorrido desfile de carros alegóricos na Avenida XV de Novembro, no centro da cidade. A cerveja, óbvio, é o tema central, mas aqui estão presentes bandas, retretas e grupos folclóricos, numa programação voltada também para crianças e idosos.

Se você acha que os pequenos e os veteranos ficam fora da festa que começa a partir das 18h (aos sábados e domingos, desde as 11h) na Vila Germânica, pode rever seus conceitos. Famílias inteiras, são muito mais comuns que se imagina. Tem programação para todos. “Cada vez mais a festa se volta para a família. O evento tem atraído pessoas interessadas em apreciar boa gastronomia, a cultura local e os desfiles. O interesse do público está cada vez mais qualificado, sem haver a elitização dos visitantes. Por isso fazemos questão de continuarmos a ser a festa com o ingresso mais barato do país”, lembra Stodieck.

A Vila Germânica é um grande espaço fechado. Se você vai à Oktoberfest, pagará R$ 10 (R$ 5 a meia-entrada) para entrar aos domingos, terças, quartas e quintas-feiras. Sextas, sábados e vésperas de feriados custam R$ 25 (R$ 12,50 a meia). Às segundas, a entrada é gratuita. Lá dentro, o preço do chope de 400ml varia entre R$ 6 e R$ 8. Vale cada centavo.

 

A boa comida é uma das atrações da Oktoberfest (Foto: Divulgação)

GASTRONOMIA – O paladar vai agradecer pela fartura de pratos típicos à disposição. Em oktoberfestblumenau.com.br há uma série de sugestões para harmonização com cervejas. Este ano, a novidade é que o Biergarten e a Praça de Alimentação da Oktoberfest estarão abertos na hora do almoço também durante os dias de semana, não só aos sábados e domingos. O período contará com atrações musicais. A ideia é que o visitante vivencie a tradição germânica associando cultura, gastronomia e boa bebida. A salsicha alemã é bem conhecida dos brasileiros, assim como o apfelstrudel e o chucrute que acompanha diversos pedidos, mas é preciso cautela para encarar o eisbein (joelho de porco), por exemplo. O hackepeter também faz sucesso, assim como a variedade de boas receitas com pato ou marreco.

Se você é um pouco mais convencional, a aposta na batata gigante recheada é certeira. É a principal atração gastronômica da festa. Há uma infinidade de possibilidades, todas com queijo cremoso derretido. A tradicional, com bacon, é sempre a mais pedida. Quem vem apostando em passar impune pela balança, pode esquecer. hamburger de pato, cachorro-quente de salsichão, linguiça, frituras e uma enorme variedade de doces belíssimos (e saborosíssimos) são mais alguns dos desafios a enfrentar. Saladinha, só na volta pra casa.

 

A festa tem cervejas de diferentes sabores (Foto: Divulgação)

CERVEJA A VONTADE – Na Oktoberfest, prepare-se para muita cerveja. Ano passado, foram consumidos exatos 531.159,2 litros de chope desde a abertura do primeiro barril, média de 28 mil litros por dia. E o número nem leva em conta a venda de cervejas importadas, em garrafa. Mais de 451 mil pessoas passaram pela Vila Germânica – um centro de entretenimento charmoso com 26 mil m², cheio de lojinhas, bares e restaurantes que parecem saídos diretamente de uma vilazinha na Alemanha.

Os turistas vindos de Salvador representaram 1,3% do público total, algo em torno de 6 mil visitas aos pavilhões da festa. De acordo com a estatística feita ano a ano desde a criação do evento, em 1984, 12.890.284,2 litros de chope já jorraram dos barris para as canecas na Oktoberfest de Blumenau. Isso mesmo: quase 13 milhões de litros.

Nas cervejarias artesanais presentes na festa, se aplica o Reinheitsgebot, Lei de Pureza Alemã de 1516. Nos atendo à parte que interessa, malte de cevada, lúpulo e água são os únicos ingredientes usados na fabricação. Isso quer dizer que o líquido bebido na região não contém corante, conservante ou qualquer outro “ante” que faz as cervejas industrializadas durarem anos depois de engarrafadas. Preste atenção e é possível notar um gostinho de pão na bebida.

HISTÓRIA – A Oktoberfest surgiu para levantar o moral dos moradores depois de duas grandes enchentes nos anos  de 1983 e 1984. Blumenau costuma ter problemas com o nível do rio Iatajaí-Açu, que passa no meio da cidade, no período de chuvas. Daí em diante, a festa entrou no calendário turístico de Santa Catarina e vem crescendo a cada ano. Em 2014, serão mais de 3 mil empregos diretos e indiretos gerados pela celebração, com mais de R$ 100 milhões movimentados em toda a região do Vale Europeu.

A celebração cervejeira segue o padrão da tradicional comemoração de Munique. O convite está feito. Um brinde! Ou em bom alemão, ein prosit!

ATRAÇÕES DA CIDADE – O centro de Blumenau guarda os traços da colonização alemã, com construções que mais parecem importadas de uma vilazinha germânica. Essa parte pode ser feita a pé sem problemas. Numa extremidade da Avenida XV de Novembro, onde acontecem os desfiles abertos às quartas e sábados, está o prédio da prefeitura; do outro, o museu da cerveja. Vale visitar:

Museu da cerveja –  Fundado em 1996, guarda a história das primeiras cervejas produzidas em Blumenau, ainda no século XIX, com equipamentos da época

Catedral São Paulo Apóstolo – Fica no centro, na rua XV de Novembro. Do alto, a bela igreja tem vista para o centro

Prefeitura – Grande construção toda em estilo alemão. À sua frente está a Macuca, locomotiva-símbolo da estrada de ferro que levou progresso a Blumenau entre 1909 e 1954

Parque Vila Germânica – O principal ponto turístico da cidade, é uma charmosa vilazinha alemã onde tudo acontece. É o centro de entretenimento onde são realizados os principais eventos, como feiras, festivais, grandes shows e, claro, a Oktoberfest. Dica: se quer uma lembrança da festa, as lojinhas de souveniers, bebidas e uma série de outras coisas relacionadas a Blumenau e à cerveja estão por aqui

COMO CHEGAR – De Salvador, a passagem deve ser comprada para Navegantes (SC). Gol, Tam e Azul oferecem voos diários com uma escala, que varia entre São Paulo, Campinas ou Rio de Janeiro. Ao chegar no aeroporto de Navegantes, ônibus das próprias companhias aéreas estão à disposição para levá-lo a Blumenau. Eles fazem viagem casada com os voos, ou seja, estarão à espera quando você chegar. Leva 40 minutos. O traslado da Azul é gratuito. A Gol cobra R$ 45. Leve isso em conta na hora de comprar a passagem.

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