“O’Zapft is!” gritou o presidente da câmara de Munique precisamente ao meio-dia de sábado. A alegria instala-se no recinto após o chamamento tradicional de início da Oktoberfest, que se segue à abertura do primeiro barril de cerveja. E ao grito de “Está aberto!” de Christian Ude segue-se logo a primeira caneca, oferecida ao governador da Baviera, Horst Seehofer. Depois desta, e até 7 de Outubro, muitas mais canecas se erguerão na espuma da festa: mais de 6 milhões de participantes, incluindo visitantes de todo o mundo, irão beber, pelo menos 7 milhões de litros de cerveja.
Às 8h de sábado, já milhares aguardavam em filas. Nem a chuva os desencorajava de serem os primeiros a entrar nas tendas da Oktoberfest, na 179.ª edição da maior festa de cerveja do mundo – isto apesar de, na verdade, celebrar 202 anos de existência (duas guerras mundiais, duas epidemias de cólera e a crise económica dos anos 1920 foram responsáveis pela falta de algumas edições). A primeira data de 12 de Outubro de 1810 – remonta às bodas do futuro rei da Baviera Luis I com a princesa Teresa de Saxe-Hildburghausen.
A festa, que ocupa 26 hectares do recinto de Theresienwiese, reparte-se por 35 tendas gigantes. Na verdade, até ocupa menos espaço que em anos anteriores. Mas há uma boa e cumulativa razão: foi preciso dar espaço, a sul, a uma grande e histórica feira agrícola (Zentral-Landwirtschaftsfest), que se realiza também em Theresienwiese, até dia 30.
De resto, a animação segue como sempre, porque aqui o que mais manda é a tradição da Baviera. Não em vão, a imagem de marca, além da cerveja a correr e as canecas a rir, é o quadro vivo e contínuo de milhares de participantes vestidos em trajes tradicionais da região, as variações de salsichas, chucrute ou Pretzels, a animação de bandas, paradas e carrosséis.
Ainda assim, novas regras vão-se impondo e há mudanças. Por exemplo, o vidro recebeu ordem de marcha definitiva. “Devido a inúmeros ferimentos, de arranhões a cortes profundos causados por vidros partidos, não são permitidas mais garrafas de vidro”, informam os organizadores.
As maiores críticas dos participantes reportam aos custos. Este ano, o preço do litro da cerveja voltou a fazer correr muita tinta e a levantar muitas vozes críticas: está afixado entre 9,10€ e 9,50€ o litro (quase o dobro de há uma década) – e a tradição é beber caneca de litro atrás de caneca de litro (chamada Mass).
Embora a festa seja de teor alcoólico, há também zonas especiais para crianças e famílias; até uma “escola” e jogos científicos ou em redor da história da Oktoberfest.
Porém, é claro que não é uma festa de sobriedade familiar… Não faltam lendárias bebedeiras e quem se perca ou perca tudo. Veja-se por exemplo que aos Perdidos e Achados do recinto, só no ano passado, foram parar 4900 objectos. Entre eles, além de carteiras (até com milhares de euros, diz um responsável da secção), chaves ou peças de roupa, foram registados 420 telemóveis ou 380 pares de óculos e, por exemplo, uma cadeira de rodas, dois pares de muletas ou cinco alianças de casamento.