70 anos depois da morte do autor, livro escrito pelo líder da Alemanha nazi na prisão volta a estar disponível nos escaparates.
Até hoje, as únicas cópias de Mein Kampf que se podiam adquirir na Alemanha eram as editadas antes de 1945 e da morte de Adolf Hitler, pouco antes do fim da II Guerra Mundial. Mas a partir de hoje, passados 70 anos da morte do autor e já não se pondo a questão dos direitos de autor, até agora nas mãos do estado da Baviera, o livro volta às livrarias alemãs.
Em Portugal, A Minha Luta regressa ao mercado pela E-Primatur, 40 anos após a primeira edição no nosso país, pelas Edições Afrodite/Fernando Ribeiro de Mello, retomando esse texto, mas agora em versão integral. Na montra da Bertrand do Chiado, o livro está hoje em destaque.
Com prefácio do historiador António da Costa Pinto, a nova edição portuguesa regressa à tradução brasileira de Jaime de Carvalho, originalmente publicada pela Globo, que foi “revista e cotejada com o original”, de acordo com a E-Primatur, “acrescentando-se-lhe algumas partes não traduzidas”, o que a transforma, “portanto, na primeira tradução verdadeiramente integral da obra”, no mercado português.
A polémica é certa, mas muitos historiadores consideram que Mein Kampf (cujo título significa A Minha Luta) e as suas tiradas antissemitas – escritas nos anos 20, uma década antes da chegada ao poder dos nazis e mais serviram de base para o Holocausto, com o seu extermínio de seis milhões de judeus – são essenciais para compreender a História.
Talvez por isso esta seja uma edição anotada, com mais de uma centena de notas académicas, que ajudam a perceber uma ideologia que levariam o mundo à guerra.
As autoridades alemãs poderiam voltar a banir um livro que exibe a suástica e outros símbolos nazis, mas muitos especialistas consideram que proibir a venda de Mein Kampf só vai aumentar a curiosidade à sua volta. E até alguns grupos judaicos defendem o seu regresso às livrarias, como forma de melhor perceber o que aconteceu aos judeus na II Guerra Mundial.