PATRIK STOLLARZ/AFP/Getty Images
Josep Guardiola chegou ao Bayern de Munique já com o status de um dos melhores treinadores do mundo. Logo na apresentação, surpreendeu ao mostrar que havia praticado o alemão e parecia caminhar para um caminho de idolatria. Porém, passados dois anos, o catalão está longe de ser unanimidade na Baviera.
Apesar de ter conquistado cinco títulos no período, com destaque para o bicampeonato alemão, o treinador viu seu time ser atropelado por Real Madrid e Barcelona em semifinais de Uefa Champions League. Porém, outro ponto vai além para que sua reputação não seja a de um ídolo inquestionável.
Guardiola, que tem contrato por mais um ano, alterou a filosofia do Bayern. Em campo, os números só apresentam diferença significativa na maior posse de bola (veja dados abaixo) e no estilo de jogo – o espanhol às vezes escala a equipe no 3-5-2 e usa Lahm e Alaba como volantes com regularidade. Porém, o aproveitamento segue parecido com o do time comandado por Jupp Heynckes entre 2011 e 2013, que ganhou quatro taças, entre elas uma Champions.
Para fortalecer seu estilo de jogo, Pep mexeu em peças centrais do clube. Toni Kroos foi ao Real Madrid em 2014; agora, foi a vez de Schweinsteiger sair. O treinador contratou os espanhóis Juan Bernat, Xabi Alonso e Thiago Alcántara (nasceu na Itália, mas defende a seleção espanhola), além do chileno Arturo Vidal.
“Essa é uma tendência que se observa agora, enquanto no passado era uma das marcas do Bayern procurar ter sempre os melhores jogadores alemães”, afirmou o ex-técnico Ottmar Hitzfeld, que ganhou cinco Bundesligas e uma Champions pelos bávaros. “Os bávaros precisam tomar cuidado para que o alemão siga sendo o idioma principal e que não se comece a falar só espanhol.”
Aliás, Hitzfeld não é o único nome renomado a questionar Guardiola. Nos últimos dias, os ex-jogadores Stefan Effenberg e Lothar Matthäus falaram que prefere Jürgen Klopp (ex-treinador do Borussia Dortmund) e que Mourinho é melhor do que o catalão, respectivamente.
Por falar em Klopp, o diretor geral do Borussia Dortmund, Hans-Joachim Watzke, ironicamente ou não, recomendou o técnico ao Bayern, que já tirou Mario Götze e Robert Lewandowski dos aurinegros. “É um bom candidato para qualquer clube de ponta. Klopp e Bayern combinariam 100%”, afirmou ao jornal Rheinische Post.
O nome de um germânico seria justamente por conta da perda desta identidade do Bayern de Munique. Desde que Guardiola chegou, o clube contratou contratou cinco atletas do país, mas nenhum titular: Götze, Sebastian Rode, Sinan Kurt, Sven Ulreich e Joshua Kimmich.
Equipe responsável por ser a base da seleção alemã, o Bayern deve contar com apenas quatro alemães titulares: Neuer, Boateng, Lahm e Muller, sendo que apenas os dois últimos foram formados pelo próprio clube.

Atritos dentro do Bayern e começo questionado
Além das críticas que tem recebido, Guardiola também teve atritos com membros do Bayern. Já na preparação para esta temporada, ele se desentendeu com Thomas Muller em um treino, o que foi registrado pelo jornal Bild no começo de julho. No último fim de semana, o meia-atacante reclamou ao ser substituído na Supercopa da Alemanha contra o Wolfsburg. O jogador não teria um bom relacionamento com o treinador e é especulado no Manchester United.
Em 2014-15, Guardiola teve um problema com Hans-Wilhelm Muller-Wohlfahrt, que era o médico-chefe do Bayern e pediu demissão junto ao seu time em meio a críticas do técnico. A decisão veio após a derrota no primeiro jogo das quartas de final da Champions 2014-15 para o Porto. “Tal atitude destruiu o relacionamento de confiança mútua existente até então”, afirmou, na época, Muller-Wohlfahrt, que estava havia 40 anos no clube.
Não bastasse o acúmulo das situações mencionadas, o time bávaro ainda começou a temporada perdendo a Supercopa da Alemanha para o Wolfsburg nos pênaltis após empate por 1 a 1, sendo que a equipe vencia até os 44 minutos do segundo tempo. Além de ter sido criticado pelo resultado, Guardiola ainda manteve seu jejum no torneio, já que perdeu para o Borussia Dortmund nas duas edições anteriores.
Veja os números do Bayern de Munique com seu atual e último técnico:
Jupp Heynckes (2011-2013)
71 vitórias -12 empates -11 derrotas
Posse de bola: 69,4%
Toques: 82.017
Passes completos: 50.485 (84,3%)
Chutes: 1.578 (631) – 232 gols
Josep Guardiola (2013-)
68 vitórias – 14 empates – 10 derrotas
Posse de bola: 61,3%
Toques: 70.784
Passes completos: 61.484 (86,8%)
Chutes: 1.670 (645) – 231 gols

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