6/6/2015 17:03
Por Redação, com agências internacionais – de Garmisch-Partenkirchen, Alemanha
Manifestante conversa, pacificamente, com um dos mais de 3 mil policiais designados para a segurança do encontro
No encontro do G7, que reúne as maiores economias do mundo, ao longo deste sábado, na Baviera alemã, a discussão sobre as perdas que o Ocidente tem sofrido por causa das sanções antirrussas está na ordem do dia. Em crise, a Europa tem perdido mais do que mostram as estatísticas oficiais, e estas sanções são realmente capazes de mudar o atual ordem mundial, disse o economista-chefe do banco alemão Bremer Landesbank, Volker Helmayer, na entrevista ao jornal alemão Deutsche Wirtschafts Nachrichten.
– O declínio das exportações alemãs em 18% no ano passado ou 34% nos dois primeiros meses de 2015 em comparação com o período correspondente do ano passado é apenas a ponta do iceberg. Há muitos efeitos colaterais. Por exemplo, a Finlândia e a Áustria, que desenvolviam ativamente os negócios na Rússia, começaram a colocar menos encomendas na Alemanha. Além disso, as empresas europeias, para contornar as sanções, criam na Rússia capacidades de produção. Estamos perdendo capital potencial, que é a base da nossa prosperidade. E a Rússia ganha esse capital – disse Helmayer.
Para criar uma atmosfera de confiança entre os parceiros é preciso mais de um ano, e basta um momento para destruí-la, nota o especialista. Hoje, a relação de confiança entre a Alemanha, a UE e a Rússia é uma grande questão. Enquanto isso, Moscou e Pequim, assim como outros membros dos BRICS, iniciam os maiores projetos da história moderna, incluindo a criação de novas infraestruturas euro-asiáticas no território de toda a Rússia, no sul da China e na Índia.
Como Helmayer disse, há 25 anos, estes países representaram cerca de um quarto da produção mundial total, hoje – 56%. Eles controlam cerca de 70% das reservas monetárias do mundo e as suas economias estão crescendo em 4-5% por ano.
– Para mim, pessoalmente, o conflito entre o Oriente e o Ocidente já está resolvido. O eixo Moscou-Pequim-BRICS está ganhando definitivamente. Os EUA perderam porque eles não estavam dispostos a partilhar o poder com instituições internacionais a fim de reforçar o sistema financeiro norte-americano nas economias em desenvolvimento – disse o economista.
Ele acredita que hoje é impossível resolver qualquer problema no mundo sem Moscou e Pequim. Ao mesmo tempo, a Europa não tem os seus próprios programas de desenvolvimento e segue cegamente a política dos Estados Unidos que, por sua vez, agem de forma pragmática e apenas em seus próprios interesses.
Política russa
O países do G7, durante a cúpula a ser realizada Munique, discutirão as formas de incluir a Rússia, anunciou a chanceler alemã, Angela Merkel, em entrevista à Deutsche Welle. Neste domingo e na segunda-feira, no hotel de cinco estrelas Schloss Elmau, será realizada a cúpula dos líderes do G7 (Alemanha, Canadá, EUA, França, Grã-Bretanha, Japão e Itália). A Rússia, admitida para o grupo em 1998, está praticamente fora das suas discussões a partir de 2014, em função da crise na Ucrânia. Autoridades de Kyiv, inclusive, já declararam esperar solidariedade da cúpula.
Segundo Merkel, nos últimos anos a Rússia “não avançou na incorporação de muitas ideias, compartilhadas pelos membros do G7”.
– No entanto, Rússia segue sendo um importante parceiro em outros formatos de negociação. Existe o formato do “quarteto de Normandia” para a normalização da crise na Ucrânia, o “sexteto” para um acordo sobre o programa nuclear iraniano e, além disso, Rússia certamente será incluída nos esforços de acabar com a guerra civil na Síria. Eu gostaria de lembrar o fato de que as armas químicas foram retiradas da Síria somente graças à política russa. Portanto, iremos discutir as formas de incluir a Rússia – disse a chanceler.
Protestos
Enquanto os representantes dos países antecipam suas mensagens para o G-7, milhares de pessoas protestaram na cidade estância alpina alemã de Garmisch-Partenkirchen. Os manifestantes exigiam ações sobre as mudanças climáticas, a pobreza e a globalização.
O porta-voz do grupo, Simon Ernst, disse que eles queriam mostrar sua indignação perante os líderes da Alemanha, França, EUA, Itália, Grã-Bretanha, Canadá e Japão, chamando-os de “capangas de banqueiros e corporações”.
O porta-voz da polícia Hans-Peter Kammerer afirmou que até agora os protestos eram pacíficos, mas havia a expectativa de que um número significativo de extremistas da Alemanha, Áustria, Itália e Grã-Bretanha se juntasse aos manifestantes.
Na quinta-feira, mais de 30 mil pessoas, segundo dados da polícia, tomaram as ruas de Munique para protestar contra o encontro dos líderes do G7 – Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão e Reino Unido – na cidade de Elmau, também na Baviera.
O protesto na capital bávara reuniu ambientalistas, opositores da globalização e outros manifestantes apresentaram demandas envolvendo desde tratados internacionais de comércio e redução da pobreza ao combate às mudanças climáticas e à imigração. O lema da manifestação desta quinta-feira foi “Parar o TTIP (pacto de livre-comércio EU-EUA) – Salvar o clima – Combater a miséria”. Cerca de 3 mil policiais foram mobilizados, e não houve conflitos.
Luta antiga
“Os representantes dos mais ricos e poderosos países do mundo reivindicam decidir o destino de todo o mundo, sem ter qualquer legitimidade para tal”, escreveu em sua página de internet o grupo Stop G7 Elmau 2015. “A política do G7 significa políticas econômicas neoliberais, guerra e militarização, exploração, pobreza e fome, degradação ambiental e [bloqueio a] refugiados”, completaram os ativistas. Na Alemanha, protestos contra a cúpula do grupo seleto de países industrializados já aconteceram em 2007, durante o encontro do G8, grupo que ainda incluía a Rússia. Na ocasião, as manifestações resultaram em confrontos com a polícia em Rostock e Hamburgo, deixando dezenas de policiais e manifestantes feridos.
O encontro do G7 terá início na tarde deste domingo em Elmau, a cerca de 60 quilômetros de Munique. Poucas horas antes, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o presidente americano, Barack Obama, deverão se encontrar para um café da manhã bávaro no vilarejo vizinho de Krün, onde terão oportunidade de se aproximar da população.
Neste ano, o mau relacionamento do G7 com o antigo membro Rússia ofusca o encontro. Merkel reagiu com reservas à afirmação do ministro alemão do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, de que Moscou deveria voltar o mais rápido possível ao grupo.
“Havia muitos que diziam que a Alemanha continuaria dividida, e agora estamos reunificados. Algumas coisas levam mais tempo. É preciso haver uma mudança de posicionamento da Rússia, e eu não vislumbro isso agora”, afirmou a chefe de governo alemã à emissora de TV RTL.
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