Foi concluído com sucesso, na manhã desta quinta-feira (19/06), o resgate do espeleólogo Johann Westhauser, ferido na caverna Riesending, a mais de mil metros de profundidade, em Berchtesgaden, no estado alemão da Baviera.
Durante quase seis dias, diversas equipes se revezaram no transporte da maca com o pesquisador de 52 anos. Segundo Norbert Heiland, presidente do serviço de resgate em montanha Bergwacht Bayern, responsável pela operação, o paciente resistiu bem às dificuldades do trajeto, “ele está bem e deu entrada numa clínica”.
Originalmente, a chegada do grupo à superfície estava programada para a madrugada, porém foi necessário fazer uma pausa durante a noite. Comentando o atraso de várias horas, um porta-voz do Bergwacht disse que “sempre esteve claro que a segurança é mais importante do que a rapidez”.
O salvamento de Westhauser foi uma verdadeira façanha de logística, que também exigiu extrema cautela, já que o paciente devia ser poupado de trepidações e choques. Na última passagem, ele foi alçado através de diversos túneis verticais, o mais alto deles com 180 metros de altura. Frequentemente, os socorristas tiveram que ser baixados pelas chaminés, como contrapeso ao acidentado.
Maciço Untersberg , onde se localiza a caverna Riesending
“Coisa enorme”, uma caverna de recordes
Desde o acidente até o resgate do pesquisador, transcorreram 274 horas. Ele e mais dois colegas haviam sido surpreendidos por uma avalanche de pedras em 8 de junho, durante uma expedição no maior e mais profundo sistema de cavernas da Alemanha. Westhauser foi atingido por uma pedra na cabeça, sofrendo traumatismo craniano.
Enquanto um colega da excursão permaneceu com o espeleólogo, o outro foi buscar ajuda. Este levou 12 horas para sair da caverna, que possuiu poços profundos e cânions, os quais apenas montanhistas experientes e com equipamento adequado são capazes de escalar.
Para resgatar o ferido, além da escalada por paredes íngremes, as equipes, que também incluíram médicos da Alemanha, Áustria, Itália, Suíça e Croácia, precisaram transportá-lo de maca por passagens apertadas e córregos subterrâneos. Alguns dos pontos do labirinto subterrâneo são tão estreitos que só dão passagem a uma pessoa magra.
Natural de Baden-Württemberg, Johann Westhauser trabalha no Instituto de Física Aplicada do Instituto de Tecnologia de Karlsruhe e é também formado em resgate em cavernas. Ele foi um dos pesquisadores que, em 1995, descobriram o Riesending (literalmente “coisa enorme”).
Localizado no Maciço Untersberg, nos Alpes de Berchtesgaden, a 1.148 metros de profundidade, e com mais de 19 quilômetros de passagens, a dimensão real do sistema de cavernas só foi compreendida anos mais tarde. Desde 2002 a região está sendo explorada por uma equipe de espeleólogos, também integrada pelo pesquisador acidentado.
AV/dpa/afp