Um dia, o então Núncio Apostólico na Baviera desde 1917, Eugenio Pacelli (futuro Papa Pio XII) disse que “os italianos se comportam na igreja como se estivessem num teatro, ao passo que os alemães se comportam no teatro como se estivessem numa igreja”.
Uma observação sociológica e comportamental de diferenças entre povos que chega aos nossos dias sob diferentes prismas. A crise veio potenciar esta dicotomia. O modo como foi construída a moeda única, mais de oitenta anos depois, veio realçar, em todo o seu esplendor, esta bipolaridade (agora, deliberadamente maniqueísta): o luteranismo do norte que representa quase oficialmente as virtudes e a indisciplina do sul que é olhada como um estorvo vicioso. Pacelli falava dos italianos, agora inventa-se um acrónimo pouco dignificante para o sul: PIGS.
A União é sobretudo desunião. Todos se demarcam de todos! Portugal não é a Grécia. A Irlanda não é Portugal. A Espanha não é a Irlanda. A Itália não é a Espanha. A Bélgica não é a Itália. A França não é a Itália. Nenhum deles é a Alemanha. O Reino Unido é uma ilha. A Europa do Leste continua a leste.
Todos iguais, todos diferentes. Todos solidários, todos egoístas. Todos unidos, todos de costas voltadas. Todos em cadeia, todos encadeados.