Correligionário mais próximo de Merkel complica-lhe negociações …

O lder social-cristo da Baviera, Horst Seehofer, declarou a sua categrica oposio a quaisquer negociaes com os Verdes, no sentido de se constitur com eles uma coligao de Governo. Com isso no privar Angela Merkel de um autntico parceiro de coligao, mas retira-lhe margem de manobra para as discusses com os social-democratas.

A dirigente da CDU democrata-cristã, Angela Merkel, vencedora por larga margem das eleições de domingo, tem dado sucessivas indicações da sua preferência por uma fórmula de Governo designada como “Grande Coligação”, ou negro-vermelho – entre a CDU e o SPD social-democrata, os dois maiores partidos do país.
A CSU  cria ruído nas negociações
Dessa coligação faria parte também a bávara CSU social-cristã, um partido aliado da CDU, que nunca concorre contra a CDU no resto da Alemanha e que nunca tem de enfrentar candidaturas da CDU na Baviera. A CSU é, portanto, um misto de partido-irmão da CDU e de ramo bávaro da mesma CDU.

Historicamente, a forte tentação autonomista da Baviera e o carisma de dirigentes bávaros social-cristãos como Franz-Joseph Strauss ou como Theo Waigel sempre tem valido à CSU uma posição de destaque no Governo federal. Na fórmula que agora foi descartada pelo eleitorado – a fórmula CDU/CSU-FDP, ou vermleho-amarelo -, a CSU mantinha três Ministérios.
Os Verdes como factor de pressão sobre o SPD
Apesar da sua visível preferência pela coligação com os social-democratas, Merkel tem agora pela frente uma difícil negociação com estes, que querem vender cara a sua participação. O dirigente social-democrata Sigmar Gabriel tem afirmado, nomeadamente, que o SPD só entrará numa Grande Coligação se a política europeia de Berlim for submetida a uma revisão profunda.

No meio deste braço-de-ferro negocial, não surpreende que Merkel tenha o cuidado de deixar no ar a possibilidade de negociar com os Verdes. Com eles, a CDU-CSU também faria maioria no Bundestag. Lembrar aos social-democratas essa realidade aritmética sempre servirá para Merkel lhes fazer sentir que tem uma outra alternativa e que não devem comportar-se como única solução de que ela dispõe.

Composição do Bundestag

Total – 630 deputados

CDU/CSU – 311
SPD – 192
Verdes – 63
P. Esquerda – 64Por outro lado, para lembrar ao SPD a viabilidade aritmética da solução negro-verde, esta tem de apresentar alguma credibilidade política. Uma maioria SPD+Verdes+Esquerda seria aritmeticamente viável, mas ninguém fala nela, porque nunca foi testada em nenhum cenário municipal ou regional, nem há vontade de testá-la.
Antecedentes da aliança negro-verde
Ora, a fórmula negro-verde não apresenta o mesmo grau de surrealidade política que uma aliança de esquerda, porque já tem existido em diversas cãmaras municipais (vd. quadro) e mesmo, no biénio 2008-2010, no Governo regional de Hamburgo, depois de os Verdes terem aprovado no seu congresso que não iriam aliar-se com o Partido da Esquerda.

Grandes cidades com coligações negro-verdes

1994–1999 Mülheim an der Ruhr
2001–2003 Saarbrücken
2003–2009 Kiel
2003–2004 Köln
2003–2005 Kassel
2004–2009 Essen
2004–2009 Duisburg
seit 2006 Frankfurt am Main
2006 Oldenburg
2009–2013 Aachen
desde 2009 Bonn
desde 2011 DarmstadtO que nunca se testou foi uma coligação deste tipo a nível federal. E as declarações de Seehofer apontam precisamente no sentido de barrar o caminho a esse teste. Desse modo, o líder social-cristão faz prova de vida na negociação do futuro Governo.

E tem de fazê-la porque, apesar das suas efusivas demonstrações de proximidade com Merkel, e das reciprocidades igualmente efusivas da chanceler, ele só pode ser visto, nesta fase, como um indesejável no diálogo com o SPD, só vocacionado para criar ruído numas negociações já de si suficientemente difíceis.

Mas acontece que os motivos de Merkel para querer Seehofer longe desse diálogo, são os que ele tem para precisar de lembrar que existe. É que se avolumam os receios social-cristãos de que os seus três Ministérios sejam precisamente uma parte do dote a oferecer ao SPD em negociações de coligação.
Declaração contra os Verdes tem como alvo o SPD
Merkel terá, portanto, de conduzir as negociações com o SPD sem muitas possibilidades de fazer crer aos interlocutores social-democratas que possa, em qualquer momento, saltar para a solução de reserva, ou para a segunda escolha, negro-verde.

A contradição da política de Seehofer é que, ao dificultar as negociações com o SPD, e ao fazer pender sobre elas uma palpável ameaça de fracasso, ele reforça precisamente a probabilidade de um recurso à solução negro-verde. Perdendo o parceiro social-democrata, se o perder, Merkel teria de voltar-se para os Verdes, não já como mera manobra de pressão mas para verdadeiramente fazer deles os parceiros de coligação.

Certamente por ter entendido esta dialéctica da sua arriscada manobra, Seehofer teve o cuidado de precisar que “o que não queremos é entrar em conversações – eu não entrarei – com os dirigentes de topo dos Verdes que desempenharam um papel na campanha eleitoral”. A condição que coloca Seehofer é fácil de satisfazer: toda a direcção dos Verdes, com Jürgen Trittin à cabeça está neste momento demissionária.

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