Katharina Wagner, bisneta de Richard Wagner, pretende entregar ao estado regional de Baviera (sul da Alemanha) documentos familiares para esclarecer o passado polémico do compositor favorito de Adolf Hitler, 200 anos depois de seu nascimento, afirmou numa entrevista que será publicada no domingo pelo jornal Tagesspiegel.
De acordo com o diário, a directora do festival de Bayreuth, dedicado todos os anos ao compositor, contempla «em breve» entregar aos arquivos do governo os documentos herdados do seu pai Wolfgang, «para oferecer aos pesquisadores a possibilidade de acesso» ao passado da família e às suas ligações com o ditador alemão.
Segundo excertos da entrevista, Katharina Wagner, de 34 anos, explica que cedeu os documentos em 2010 a um historiador e a um jornalista. Ela lamenta que os dois não tenham feito nada, pelo menos por enquanto.
Este ano é celebrado o bicentenário de Richard Wagner, que nasceu em Leipzig a 22 de Maio de 1813 e morreu em Veneza a 13 de Fevereiro de 1883, muito antes do surgimento do nazismo.
Mas Hitler foi um fervoroso admirador da sua música, frequentava Bayreuth e era amigo da família do filho de Wagner, Siegfried, e dos seus netos Wolfgang e Wieland, que o chamavam de «tio Wolf».
Anti-semita, misógino, defensor da pureza racial reivindicada pelo nazismo, historiadores e músicos continuam a debater a herança política e social de Wagner.