“A carta de Horst Seehofer (líder da União Social-Cristã, CSU, da Baviera) é um anúncio de ruptura da coligação”, disse à imprensa o chefe do grupo parlamentar do Partido Social-Democrata (SPD), Thomas Oppermann, em representação do terceiro partido da coligação.
“A CSU tem que decidir o mais rápido possível se quer estar na oposição ou no Governo”, referiu o dirigente social-democrata.
A carta, aprovada pelo conselho regional da Baviera onde a CSU governa com maioria absoluta e assinada pelo chefe do partido, pede uma protecção mais eficaz das fronteiras alemãs e o estabelecimento de um tecto máximo de 200.000 refugiados por ano, seguindo o exemplo da Áustria.
A chanceler Angela Merkel rejeitou em várias ocasiões essa proposta por considerar que o direito de asilo não pode ter limites numéricos e, manifestando cepticismo perante soluções nacionais para crise dos refugiados, mantém a aposta numa resposta internacional e europeia forte. Em reunião à porta fechada com os deputados do grupo conservador, a chanceler e o presidente da União Democrata-Cristã (CDU) apelaram à coesão política perante um desafio de tanta relevância como o acolhimento de refugiados.
“Vamos demonstrar que somos capazes de resolver este problema, para não ocasionar danos graves à Europa”, declarou Angela Merkel, segundo participantes da reunião citados pela imprensa alemã. “Quando numa relação já não se pode falar, se começam a escrever cartas e, quando se esgotam as cartas, é hora de ir aos tribunais”, ressaltou Thomas Oppermann em referência às fendas abertas entre os parceiros conservadores da coligação governamental.
O grosso dos refugiados que chega ao Estado alemão, que recebeu em 2015 cerca de 1,1 milhões de solicitantes de asilo, entra através da Baviera, região fronteiriça com a Áustria.
A CSU opõe-se à política de refugiados da chanceler e, além disso, conta com o apoio dos sectores mais conservadores do partido CDU de Angela Merkel. Thomas Oppermann pediu a chanceler Angela Merkel que ponha ordem nas suas fileiras e criticou os deputados que propõem tolerância para os refugiados.
A última iniciativa de restrição ao pedido de asilo foi formulada pela chefe da CDU na Renânia-Palatinado, Julia Klöckner, vice-presidente do partido a nível federal, que propôs a criação de centros de amparo nas fronteiras, onde pudesse haver deportações imediatas para os que não tenham direito a asilo.