Pelo menos 60 rapazes terão sido abusados sexualmente no Domspatzen, um famoso grupo coral alemão que na altura era dirigido pelo irmão do Papa Bento XVI.
Um advogado contratado pelo Domspatzen, sedeado na Baviera, Alemanha, disse esta segunda-feira em conferência de imprensa que após uma aprofundada investigação tinha chegado à conclusão que pelo menos 60 dos jovens membros do coro foram vítimas de abusos sexuais ao longo de vários anos e que até 250 possam ter sido vítimas de abusos físicos.
A maior parte dos casos diz respeito ao período entre meados e final da década de 70, afirmou o advogado Ulrich Weber, referindo ainda que cerca de 50 vítimas referiram a existência de dez agressores sexuais.
O período coincide com a época em que o coro era dirigido pelo padre Georg Ratzinger, irmão do Papa Bento XVI, que tem agora 91 anos e afirmou a um jornal alemão que não tinha qualquer conhecimento dos abusos. “Estes assuntos nunca foram discutidos. O problema dos abusos sexuais que agora veio à luz nunca foi falado”, disse, ao jornal “Passauer Neua Presse”.
Interrogado pelo assunto, o advogado Ulrich Weber disse que de acordo com a sua investigação seria difícil que Ratzinger não soubesse das alegações de abusos no coro.
O caso já tinha sido tornado público em 2010, mas só agora se começa a perceber a verdadeira dimensão do problema e quantas pessoas afectou.
Weber admite que 250 pode ser uma estimativa conservadora. Na altura a diocese local tinha admitido pagar uma indemnização de 2.500 euros a cada uma das vítimas de abusos sexuais ou físicos (os números na altura referiam 72). Agora, será criada uma comissão composta por ex-vítimas, dirigentes do coro, mediadores e o vigário-geral e o bispo de Ratisbona, para encontrar soluções para o futuro.
Não é natural que haja acusações judiciais, uma vez que os crimes em questão já prescreveram.