BERLIM, ALE (ANSA) – Pela primeira vez desde o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), foi lançada hoje (8), na Alemanha, a nova edição comentada do livro “Mein Kampf” (“Minha Luta), manifesto de Adolf Hitler. O livro foi apresentado em Munique pelo Instituto de História Contemporânea e seu objetivo é desconstruir e contextualizar a obra do ex-líder alemão. Muitos historiadores apoiam a publicação por seu valor de informação, mas a comunidade judaica teme que a obra desperte sentimentos neonazistas.
Para o presidente do Conselho Central dos Judeus Alemães, Josef Schuster, o livro, que já despertou calorosos debates no país, pode ser útil para o momento histórico. “Posso bem imaginar que esta edição criticamente comentada forneça um esclarecimento e permita entender o misticismo que reina em torno deste livro”, disse.
De acordo com ele, a nova edição, que tem tiragem inicial de quatro mil exemplares, mostrará as teorias “falsas e indecentes” usadas por Hitler, mas, mesmo assim, ainda poderá difundir as ideias de extrema direita na sociedade atual. Ao texto original de “Mein Kampf” foram acrescentadas 3,7 mil notas críticas e comentários de especialistas e historiadores, os quais se propõem a desmentir os mitos de Hitler. “Mein Kampf” foi escrito por Hitler durante os nove meses que esteve preso pelo fracassado golpe de Estado em Baviera. Sua primeira publicação ocorreu em julho de 1925.
Hitler, que se suicidou em 1945, não deixou descendentes. Por conta disso, a propriedade intelectual de “Mein Kampf” foi para o estado da Baviera, que proibiu a publicação nas últimas décadas. Agora, o livro se tornou de domínio público na Alemanha. Desde 31 de dezembro de 2015, qualquer editora pode publicar no país uma obra sobre Hitler. Para que outras edições não sejam compradas, o livro será disponibilizado gratuitamente.