Com as últimas sondagens a mostrarem que Merkel dificilmente conseguirá governar sozinha e que os liberais do FDP, actuais parceiros de coligação, estão cada vez mais longe dos 5% de votação (limite mínimo para eleger deputados), podendo ficar sem representação no Bundestag, resta à chanceler procurar outras alternativas para governar. Apesar de um crescente consenso na opinião pública para restaurar a grande coligação com o SPD, que governou o país entre 2005 e 2009, a CDU tem outras opções, como Die Grünen (Verdes) ou mesmo o eurocéptico AfD.
A menos de uma semana das eleições, Merkel já olhará para além dos números, tentando agora encontrar um parceiro de coligação que lhe permita renovar o mandato – na Alemanha, o governo só pode ser constituído quando há uma maioria absoluta no Bundestag, o que resulta em entendimentos partidários mais ou menos alargados após as eleições. A ligeira subida do SPD na Baviera parece indicar o desejo crescente do eleitorado alemão de uma nova grande aliança entre os partidos do centro. Para a chanceler, o maior receio de se voltar a coligar com o SPD deve advir das contrapartidas pedidas por Peer Steinbrück – candidato do SPD – para encetar um entendimento deste género.
No primeiro mandato de Merkel, Steinbrück foi ministro das Finanças e o SPD teve um peso preponderante durante esses quatro anos. Esta associação fez com que, segundo um estudo elaborado pelo WZB (Centro de Pesquisa de Berlim), todos os partidos na Alemanha, excepto o FDP, virassem à esquerda. “A mudança drástica dos conservadores da CDU para a esquerda, ocorrida especialmente entre 2005 e 2009, influenciou os restantes partidos a seguirem o exemplo”, explicou Sven Regel, co-autor do estudo que analisou os vários programas eleitorais dos partidos nos últimos 20 anos.
Para fugir a uma grande aliança e se os votos permitirem, Merkel pode estar interessada nos Verdes que, entre 1998 e 2002, fizeram parte de um governo com o SPD. Apesar de as sondagens (ver gráfico em baixo) não sorrirem aos Verdes, dando-lhes apenas 10% das intenções de voto, o seu líder, Jürgen Trittin, assegura que até dia 22 pode haver surpresas, pois o partido “desce nas sondagens mas depois, nas urnas, volta a subir”. Quanto a uma associação com Merkel, Katrin Göring-Eckard (que lidera o partido juntamente com Trittin) mostra-se menos crente. “Acredito que um governo de Estado deve ser estável e trabalhar todo no mesmo sentido. Juntar forças que lutam em sentidos diferentes não resulta e não imagino que a CDU possa ceder tanto (aos Verdes)”, disse Katrin à Euronews.
Quanto a uma possível associação com o novo partido AfD (Alternativa para a Alemanha), Merkel estará mais relutante, já que as posições deste pequeno partido face à manutenção da moeda única são demasiado radicais, sendo muitas vezes associado a movimentos mais extremistas de direita. Quanto ao Die Linke (A Esquerda), as suas ideias – diametralmente opostas ao programa de Merkel, com a introdução de um salário mínimo de 10? por hora, apoios sociais com um mínimo de 500? e aplicação de maiores impostos aos mais ricos – não parecem deixar espaço a qualquer entendimento. O mesmo acontece com os Piratas (Piraten), embora este partido pareça cada vez mais longe de atingir 5% da votação e ser eleito.