As comemorações de Ano Novo na Alemanha ficaram ensombradas pela evacuação de duas estações de comboio em Munique apenas uma hora antes da meia-noite pelas suspeitas de atentados bombistas. As autoridades alemãs receberam o alerta dos serviços secretos franceses de que o Estado Islâmico preparava um ataque na cidade com cinco a sete bombistas suicidas, mas a poícia de Munique acaba de levantar o alerta.
“O alerta foi lançado quinta-feira à noite depois de as autoridades alemães terem recebido indicações de dois serviços de informações estrangeiros de ‘países amigos’. Mas não sabemos se os nomes [foram comumnicados] existem, se essas pessoas são reaais ou onde se encontram”, declarou o chefe da polícia de Munique, Hubertus Andrae. num comunicado citado pela AFP.
A conclusão, para o chefe da polícia, é que a situação de risco em Munique é “globalmente semelhante à que existia antes do alerta”.
A estação central de Munique e a estação do bairro de Pasing, a cerca de oito quilómetros de distância, foram evacuadas e a população aconselhada a evitar aglomerações, pelo facto de os terroristas poderem procurar alvos alternativos para os ataques, depois de falharem os objectivos iniciais. As duas estações foram reabertas já nesta madrugada , sem notícia de terem sido encontrados indícios suspeitos.
A forte protecção policial irá manter-se nos próximos dias, como adiantou ao Guardian a porta-voz da polícia de Munique, Elizabeth Matzinger.
Segundo a televisão pública da Baviera, o alerta entregue às autoridades alemãs referia sete iraquianos que residem em Munique. Matzinger confirmou que os serviços secretos franceses deram informações e media alemães mencionam também um alerta dos serviços secretos norte-americanos. A intenção dos terroristas seria a de se fazerem explodir aos pares nas estações de comboios.
Numa conferência de imprensa realizada esta manhã, o ministro do Interior da Baviera defendeu a decisão de encerrar as estações, mesmo não tendo sido encontrados suspeitos ou explosivos. “Penso que foi uma decisão correcta, porque não podemos correr riscos desnecessários quando estamos a lidar com ameaças concretas, em locais concretos, a horas concretas”, afirmou o ministro Joachim Herrmann.
Segundo o Guardian, Herrmann afirmou que a informação dos serviços secretos franceses não era 100% certa, mas ainda assim, era suficientemente séria para ser ignorada. O governante comparou a avaliação de perigo que foi feita àquela que a 17 de Novembro – quatro dias depois dos atentados que mataram 130 pessoas em Paris – levou ao cancelamento de um jogo de futebol amigável entre as selecções da Alemanha e da Holanda na cidade de Hanover. Nessa ocasião não se encontraram explosivos no estádio, nem houve detenções.
Alerta via Facebook
Na quinta-feira, cerca de 80 minutos antes da meia-noite, as autoridades de Munique avisaram os cidadãos da existência uma ameaça “séria e iminente” na cidade. De acordo com “informação credível, vai haver um ataque esta noite”, revelou a polícia de Munique através de uma mensagem no Facebook.
Ainda assim, apesar dos avisos, as festividades do Ano Novo decorreram normalmente, com milhares de pessoas nas ruas da cidade, de 1,3 milhões de habitantes. “As pessoas estão a festejar o Ano Novo como se ninguém soubesse que há um alerta”, disse o jornalista alemão Torben Ostermann à Sky News. “Não há ninguém na estação central, mas a atmosfera assemelha-se à de outras passagens de ano”, afirmou ainda, citado pela Fox News.
Por volta das 4h da manhã de sexta-feira, a polícia de Munique avisava os cidadãos que estações central e de Pasing tinham reaberto, garantindo que as forças policiais se manteriam no local, “de olhos abertos”. Cerca de 45 minutos depois, a polícia voltava a fazer um post no Facebook: “Estamos contentes que nada tenha acontecido esta noite, as investigações mantêm-se em curso e vamos continuar vigilantes”.
Ao final do dia, a polícia libertou três delas, mas manteve outras três detidas por, pelo menos, mais 24 horas. Para além dos seis detidos, as autoridades belgas prenderam mais um suspeito de envolvimento nos atentados de 13 de Novembro em Paris.