Berlim – Uma batalha importante foi vencida ontem pela chanceler federal alemã, Angela Merkel, em sua cruzada rumo ao terceiro mandato – e à marca da britânica Margaret Thatcher como a mulher que governou um país europeu por mais tempo, 11 anos. Merkel e seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), estão no poder desde 2005. Ontem, um “partido-irmão”, a União Socialista Cristã (CSU), venceu as eleições na Baviera, a região mais rica do país, com 49% dos votos, a uma semana das eleições gerais, no próximo domingo. Mas a vitória não foi completa: os liberais, maiores aliados da CDU na coalizão de governo, amargaram uma derrota retumbante, obtendo apenas 3% dos votos, menos do que os 5% necessários para ter representação na assembleia local.
– Eleitores gostam de vencedores. Um sinal tão forte da Baviera vai mobilizar quem apoia Merkel – disse o cientista político da Universidade de Colônia Thomas Jagger. – Por outro lado, o resultado ruim do FDP (sigla para o partido liberal, Democratas Livres) pode impulsionar seus próprios eleitores.
O temor mencionado pelo cientista político é de que os eleitores do restante do país, vendo a derrota dos Democratas Livres, deem seus votos para o partido, em vez de apoiar a CDU, de Merkel. Além disso, o grupo político da chanceler precisa dos Democratas Livres para ter maioria e angariar vitórias em embates federais. Sem os aliados, o partido da chanceler tem apenas 40% das cadeiras do Congresso. Ou seja, se o padrão de votação se repetir na próxima semana Merkel poderá ter que buscar novos aliados para formar uma coalizão de governo.
A aliança entre a CSU e os liberais começou há cinco anos, quando o partido cristão teve seu pior resultado em 60 anos na mesma Baviera. Agora, a CSU irá governar o importante estado sozinha, tendo conquistado 101 dos 180 assentos do Parlamento regional. Hoje, a coalizão entre os dois partidos existe em 17 dos 22 estados da Alemanha. Já com os Democratas Livres, ela pôde evitar uma aliança com a oposição, os sociais-democratas (SPD), com quem governou no primeiro mandato, de 2005 a 2009. Estes obtiveram 20,5% dos votos na Baviera – mais de um ponto percentual do que nas últimas eleições. O acréscimo foi motivo de comemoração.
Nas pesquisas para as eleições gerais, o partido da chanceler tem entre 38% e 40% das intenções de voto, enquanto o SPD fica com de 26% a 28%. Os partidos Verdes e A Esquerda aparecem bem atrás com algo entre 8% e 11% dos votos.
Apesar de tudo, de acordo com o jornal britânico “Guardian”, o líder da CSU, Horst Seehofer, chamou as eleições da Baviera a “mãe de todas as batalhas” e vibrou com uma “fantástica vitória eleitoral”. O estado é lar para 12,5 milhões dos 80,5 milhões de cidadãos alemães e onde estão as sedes de grandes empresas, como a BMW. Apesar da crise, demonstra bons números na economia, com a menor taxa de desemprego da Alemanha e a maior de crescimento. Fosse um país, teria a sexta maior população e economia da Europa. E foi governada pela CSU por 56 anos. Com o resultado atual, o partido conquista novamente a maioria absoluta do estado, perdida nas eleições de 2008.