Fala-se pouco do assunto, o que é uma pena: dentro da federação alemã, diversos estados liderados pela Baviera forçaram o estado de Berlim a assinar uma espécie de memorando da tróica interno
. Portanto, ninguém pode ficar surpreendido com as exigências dos alemães em relação aos países do sul da Europa. Se estados alemães apertam (e com razão) outros estados alemães, a Alemanha só poderia fazer exigências duras no contacto com Portugal, Grécia e afins. Afinal de contas, é o dinheiro dos contribuintes alemães que está em jogo. Nós, quando emprestámos dinheiro aos madeirenses, também fizemos exigências que os madeirenses consideravam ofensivas e não sei quê. Pois, pois, mas eu não admitia pagar o buraco da Madeira sem o fim de muitos privilégios dos madeirenses
. Com isto não estou a defender o caso específico do assalto às contas bancárias do Chipre (a malta do Eurogrupo anda a fumar porros enquanto faz algoritmos?). Estou apenas a dizer que ninguém pode ficar surpreendido com a firmeza alemã.
Mas, ó Henrique, é bom ficarmos nesta dependência do dinheiro e das exigências da Alemanha? Não, não é. É por isso que defendo austeridade na despesa pública e um modo de vida que nos liberte do vício do crédito (para nós) e da dívida (para o Estado).